Parceria promete movimentar bilhões e fortalecer laços comerciais entre os dois países nos próximos anos.
O governo brasileiro anunciou nesta semana a renovação e ampliação do acordo de exportação de milho com a China, estendendo a parceria até 2030. A medida foi oficializada durante a visita da comitiva chinesa a Brasília, onde foram discutidos temas estratégicos envolvendo segurança alimentar, tecnologia agrícola e sustentabilidade. O novo acordo tem potencial para movimentar mais de US$ 20 bilhões nos próximos cinco anos.
“Este é um marco para o agronegócio brasileiro. Estamos abrindo portas não apenas para o milho, mas para uma nova fase da relação comercial com a China baseada em confiança e sustentabilidade”, afirmou Carlos Fávaro, Ministro da Agricultura.

A China é atualmente o maior consumidor mundial de milho, utilizando o grão como base para a produção de ração animal e biocombustíveis. Já o Brasil ocupa a terceira posição no ranking dos maiores exportadores do cereal, atrás apenas dos Estados Unidos e da Argentina. Com o novo tratado, o país asiático reafirma seu interesse em diversificar suas fontes de abastecimento, diante das instabilidades no mercado norte-americano.
O acordo prevê o aumento gradual da cota de exportação do milho brasileiro, que deve saltar dos atuais 10 milhões de toneladas/ano para 20 milhões até 2030. A China também se comprometeu a acelerar a habilitação de novas unidades brasileiras de armazenamento e processamento, além de flexibilizar parte das exigências sanitárias, desde que o Brasil adote mecanismos mais rigorosos de rastreabilidade e monitoramento de defensivos.
Impacto nas Regiões Produtoras
Os estados do Centro-Oeste, especialmente Mato Grosso e Goiás, devem ser os principais beneficiados, já que concentram a maior parte da produção nacional. Com a nova demanda externa, espera-se uma valorização do milho na Bolsa de Mercadorias e Futuros (B3), além do estímulo à modernização da infraestrutura de escoamento, como ferrovias e hidrovias.
Segundo dados da Conab, o Brasil poderá atingir uma safra recorde de 130 milhões de toneladas de milho em 2026, caso as condições climáticas se mantenham favoráveis e os investimentos em logística se concretizem.
Logística e Sustentabilidade em Pauta
O novo tratado também prevê cooperação bilateral em sustentabilidade. A China demonstrou interesse em financiar projetos de agricultura regenerativa e energia limpa no campo, incluindo usinas de etanol de milho e biodigestores.
Outro ponto importante é o incentivo ao uso de ferrovias como modal prioritário de exportação, reduzindo a dependência do transporte rodoviário e o impacto ambiental.
“Estamos comprometidos em fornecer alimentos de forma responsável e sustentável para o mundo. Este acordo eleva o padrão do agronegócio brasileiro”, reforçou João Martins, presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Oportunidade e Responsabilidade
Embora comemorado por produtores e exportadores, o acordo também exige um salto de qualidade na gestão das cadeias produtivas brasileiras. Especialistas alertam para a necessidade de investimento em tecnologia, rastreabilidade, certificações ambientais e capacitação técnica de produtores.
O governo federal já sinalizou que haverá linhas de crédito específicas para adaptação às novas exigências, especialmente para médios e pequenos produtores.
Terra do Agro News acompanhará de perto os desdobramentos desse acordo histórico, trazendo atualizações sobre sua implementação, impactos nas regiões produtoras e as oportunidades para o agronegócio brasileiro se consolidar como referência mundial.